Que é "excessivo", ou "redundante" para o presente capitalismo global. (Bauman). Pessoas sem função econômica, desnecessárias à economia mundial e aparentemente suspeitas por estarem por fora. Pessoas que emergem dos centros urbanos, bárbaros modernos, prestes a emergir das terras ignotas do além-império. Não há certeza sobre o destino dos não refugados, mas de uma forma, ou de outra a globalização os jogará à obsolescência...
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Sobre escrever e do que ou Como se fazer um país conformista
Queria falar um pouco sobre alguns dos meus autores favoritos e que trazem as definições da razão de escrever que mais me comovem e que norteiam o fato de eu ainda persistir nessa arte, mesmo sendo tão mal artista...
Kafka relacionava a sua escrita a algo que estava acima de suas forças e que lhe puxava, como a imagem que já postei aqui e que está no plano de fundo desse blog.
George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair), cuja obra representa para mim o suprassumo da função política da literatura, certa feita escreveu que escrevia quando tinha algo latente a ser dito. Eu me situo modestamente no meio dos dois.
Acredito que escrever é diferente de todas as "artes", todos são "artistas", mas há tão péssimos artistas que não dá sequer pra se referir assim. A disposição das palavras sempre é inferiorizada pelos que apenas aprendem, quando mal, seus significados e onde e porque botar uma vírgula, ou um ponto. Quando não encontra-se sujeita a encargos editoriais dos mais variados tipos, seja num concurso, seja numa edição de um livro. O fato é que para mim, esta arte não é fluente. Tanto me impressiono quando escrevo alguma coisa há muito tempo e não lembro, como me impressiono negativamente (o que talvez ocorra com esse texto). Mas não é pra ser sempre bonito, sempre eloquente, ou sempre compreensível. Em muitos momentos era apenas a vontade incontrolável de dizer algo, mesmo que depois pareça verborrágico.
Dito isto vamos aos fatos:
O que ultimamente está me deixando extremamente angustiado é a organização do movimento estudantil em Pernambuco. Não por seus aparelhamentos partidários (coisa que sempre houve), mas pela unidade e suas estratégias. Todos se dizem contra a violência policial. Alguns querem combater com violência a violência policial; outros querem dar flores a polícia enquanto estes dão porrada aos estudantes. Como Orwell, acredito que o pacifismo tem seus limites, mas estes são pautados pela liberdade que as leis do país promove e pela aplicabilidade efetiva destas. O problema é que o Brasil é um lugar onde as leis são contos de fada e onde sempre se arruma um jeitinho de se fugir das implicações desta, concomitantemente a exigência das mesmas quando lhes convêm.
Resta ao povo exigir a aplicação dessas leis e não aceitar a situação através da receita de como se fazer um país conformista:
Compre a reprodutibilidade da retórica do conformismo sintetizada pelos axiomas máximos: "Isso não vai dar em nada!"; "É um bando de baderneiro!"; "O povo não sabe reivindicar seus direitos!".
Seguido de ação nenhuma.
Acrescente a legitimação da violência policial ("Eles ficam jogando pedra na polícia, tem que apanhar mesmo esse bando de anarquista vagabundo") e a supressão das liberdades democráticas. Misture tudo com muita desigualdade social e bote uma pitadinha de manutenção do status quo.
Esta feito o seu país. Agora é só criar dependência de pessoas do seu governo, com cargos remunerados e nunca se esqueça de uma mídia manipuladora para legitimar todas as contradições que possam haver. Depois é só aproveitar.
Mas o porquê desta foto? Só que me lembrei de uma frase de Spider Jerusalém: "Se eu tivesse uma bala, não ia atirar na cabeça do mundo... Atiraria no joelho!". Esse é o principal erro tático dos revoltosos que querem destituir a ordem vigente, pautam-se em todo o sistema, com seus aspectos positivos e negativos. Querem matá-lo, destruir através da força para reconstruir. Ao invés de bater onde possam derrubá-lo e onde ele realmente sente dor.
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