Facebook

sábado, 5 de dezembro de 2009

1984

"O essencial da guerra é a destruição, não necessariamente de vidas humanas, mas dos produtos do trabalho humano. A guerra é um meio de despedaçar, ou de despejar na estratosfera, ou de afundar nas profundezas do mar, materiais que de outra forma teriam de ser usados para tornar as massas demasiado confortáveis e portanto, com o passar do tempo, inteligentes. Mesmo quando as armas de guerra não são destruídas, sua manufatura ainda é um modo conveniente de gastar mão-de-obra sem produzir nada que se possa consumir. A consrução de uma Fortaleza Flutuante, por exemplo, absorve trabalho suficiente para construir várias centenas de navios cargueiros. Depois de algum tempo, é desmantelada por estar obsoleta, sem ter trazido benefício material a ninguém, e com novo e enorme esforço, constrói-se outra."

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Cântico negro

José Régio
Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Lembrei que certas coisas não podem ser lembradas...

LEMBREI
(Mauricio Baia / Gabriel Moura)

Lembrei de me esquecer a tempo
Perdi meus maiores achados
Odiei por amor
Utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos

Lembrei de me esquecer a tempo
Perdi meus maiores achados
Odiei por amor
Utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos

Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Mas livrei-me dos livros
Pois eles não me livraram

Lembrei de me esquecer a tempo
Perdi meus maiores achados
Odiei por amor
Utilizei coisas inúteis
Paguei caro por prazeres baratos

Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Mas livrei-me dos livros
Pois eles não me livraram


Desafiei a lâmina afiada
Enterrei um sapo no terreiro
Quis não ter querer
Tentei não cair em tentação
Livrei-me dos livros
Pois eles

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Problemas de linguagens ato ou ação de problemáticas envolvendo a língua, problemas na comunicação.

-"Todo problema filosófico é um problema de linguagem..."
-"..."
-"Por isso, só se filosofa plenamente em alemão ou em grego..."
-"..."
-"Por isso, há tantos idiotas aqui essa sublingua..."
-"..."
-"E por isso que nunca conseguiremos entrar em um consenso."
-"..."
-"Fale alguma coisa!"
-"Oinc."

"Vai... vai... vai..." II

-"Vai..."
-"Deixa eu ficar contigo..."
-"Não, por favor... Vai..."
-"Quer mesmo que eu vá?"
-"Quero"
-"Tá bom. Adeus"

Craudio saiu inconsolável daquela conversa com Waldysneya. Parou com as mãos postas sobre os joelhos no meio da rua, pensando em como seria sua vida agora que perdera tudo que tanto almejava. Levantou a cabeça que pendia m pouco com todo aquele turbilhão de sentimentos contraditórios.

Chega em casa, toma um banho e deita contemplativo. Parecia que tinha voltado a adolescência. O telefone toca. Waldysneya:
-"oi.."
-"..."
-"Tais bem?"
-"..."
-"Tu não vai falar nada? Então tá, espero que tu fique bem e que a vida lhe reserve algo tão especial quanto você..."
-"..."
-"Adeus."

-"Wal!"
-"Oi."
-"... nada... deixa pra lá.."
-"Fala..."
-"..."
...

-"Vou desligar então..."

...

-"..."

...

-"Te amo."

Tu tu tu tu tu tu tu


Waldysneya se casou com um cartunista estadunidense, e viveu até a morte no paraíso que ele lhe criou.

Craudio morreu poucos meses depois. Diagnóstico: Câncer!
Segundo o médico ele não deveria ser uma pessoa tão reservada... Craudio morreu sem dar uma palavra.


Waldysneya desenhou uma personagem de nome:

- "Boboca."
-"Qual a característica mais marcante dessa nova personagem Senhora Waldysneya?"
-"Humor mudo..."

Waldysneya não lembra muito bem de tudo o que disseram ou do que fizeram durante o tempo que estiveram juntos, mas nunca esqueceu o silêncio de Craudio...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Meu olhar

Alberto Caeiro
II - O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

sábado, 10 de outubro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Balada do Cárcere


Acabei de assistir ao espetáculo Balada do Cárcere no teatro Alfredo de Oliveira, em sessão até o fim de Outrubro às quintas e sextas às 20:30.
Geralmente não costumo fazer deste um blog diário ou algo do tipo, mas essa peça é algo que realmente vale a pena assistir.
A adaptação é de Marco Antonio Sabino que transmite perfeitamente o contraste entre a dor e a beleza presente na obra e na vida de Oscar Wilde; Contraste esse mais percebido pela minha pessoa ao sair de uma peça dessa magnitude, onde eu era o 3º dos 3 espectadores, e me deparar com o mais perfeito retrato da mediocridade humana em um espetinho na esquina da minha casa, onde eu era apenas mais um transeunte confuso em meio a mais de 100 pessoas e aproximadamente 200 motos.

Não acredito que os três espectadores sejam por demérito do ator e também diretor geral... o demérito ficou bem longe daquele teatro, apesar de tão perto... Mais especificamente ao redor de uma barraca de espetinho.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Adolescência "posmatura"

Sou um adolescente tardio
Sem o cabelo estranho, é verdade.
Com menos espinhas na cara, admito.
Mas adolescente.
Com direito a amores impossíveis e tudo mais.
O mais perfeito transeunte,
Não mudo apenas de uma idade para outra,
Mudo de mundo.
Mudo de tudo... de uma maneira geral.
Tudo, especificamente... tudo! De uma maneira geral.

Me vejo a parte dos meus papeis e termino sendo contra tudo.
A igreja, o casamento, o dinheiro, o trabalho,
A limpeza, o adestramento, o chiqueiro, o estábulo,
A tristeza, a falta de discernimento, o prelúdio,
Termino sendo contra mim.

Talvez tenha me tornado duas pessoas inconciliáveis entre si
E uma tem que morrer.
Ambas querem viver
E quanto mais quer, mais vê: querer não é poder.

Por fim, só resta o transeunte:
Cansado, triste e desolado...
Até que por alguma razão ele mude
E parta cada parte pro seu lado,
Ou mate de vez tudo que já foi
Para poder criar o que quer ser.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Broom Driver (2009)

Com insônia crônica Irinelson decide ocupar seu tempo livre a noite dirigindo táxi pela cidade do Recife, onde se depara com violência e a podridão da cidade.
As relações que ele estabelece são superficiais, comum às "grandes" cidades, sentindo-se sozinho e angustiado. Indignado com a sujeira da cidade decide limpá-la com as próprias mãos. Começa a varrer as ruas do Recife até que tropeça em umas maleta de dinheiro e cai no canal da Agamenom Magalhães. O canal-esgoto produz reações no corpo do jovem campesino que não estando com os anticorpos devidamente preparados, vira um esquilo com cara de noiado segurando uma noz em uma preteleira qualquer de um consumidor de FAT food qualquer.

Verde - militar

A aliança entre PV e PSDB não me surpreende de modo algum. Se eles pregam que "ser verde não é mais uma opção" então são contra a liberdade e a democracia da mesma forma que a "impoluta" elite tucana. O símbolo do PV vai virar um papagaio azul (E com um bico grande, pra poder perpetuar as velhas mentiras com um designe mais "in").

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O que não te mata...

Final de semana agitado... Há muito tempo não vivia tão profundamente. Sexta e sábado cachaçadas homéricas, com um domingo com direito a uma ressaca talqualmente homérica e existencialista.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

...divagarsões...

Eu sou meu próprio mundo agora. A razão, a irracionalidade, a incompreensibilidade e o medo só existem agora de acordo com a minha vontade. Isso é que me preocupa... a "insolidez".

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Gênesis - Capítulo II

Quatro dias sem fumar e entre sonhos envoltos em fumaça e acordar fumando o fio do computador, parece que toda minha energia está concentrada nisso.
Sempre achei que fosse fácil parar de fazer alguma coisa, já que em suma você simplesmente teria que fazer nada. Mas não fazer alguma coisa proibida é extremamente cruel para o ser humano. Caso Deus tivesse posto no Éden qualquer outra coisa teríamos comido, porque é da nossa natureza transpor regras e limites. E é lógico que ele queria que nós comêssemos o pomo, caso contrário teria posto algo que não fosse comestível. Mas em toda sua malícia egocêntrica o Deus dos Hebreus não pode se conter de fazer uma brincadeira de mal gosto e pôs um suculento pomo sendo oferecido por uma linda mulher nua...
Se Adão tivesse resistido deveria ter sido canonizado de imediato e à Eva caberia o desafio de resistir ao Deus através da razão e estando em plenitude com sua liberdade e consciência, diferentemente do medroso que preferiu manter-se fantoche do mais forte.

A criação de Eva no Gênesis é a própria criação da liberdade humana. Não pode haver liberdade parcial, como a que o Deus cristão deu às suas crias. A liberdade só existe quando é plena. O pomo que Eva ofereceu a Adão e que, segundo a tradição cristã, deu à mulher ocidental o lugar de submissão que ocupa hoje em dia foi na verdade a redenção e não a perdição.

Sempre achei que em meio a epidemia de câncer que vivemos fumar ou não era facultativo. Mas além da saúde há a liberdade e esta deve estar acima de qualquer força física ou metafísica.

como diria Oscar Wilde:
"Toda a mulher acaba por ficar igual à sua própria mãe. Essa é a sua tragédia. Nenhum homem fica igual à sua própria mãe. Essa é a sua tragédia."

Talvez por elas terem comido primeiro tenham melhor discernimento.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

prosseguindo...

O que mais lhe angustia é a impossibilidade da existência de uma literatura enquanto existência do medo no suposto autor que se encontra impossibilitado de escrever.
Até que ele possa finalmente transformar seu medo em revolta e, através de uma grito libertar sua mente e seus pensamentos , enfrente seus medos e finalmente cresça com essa experiência edificante.
"Mas primeiro vai se curar da gripe, porque ninguém faz nada bem feito com o nariz entupido."

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O Assassinato do Rato Nonato- Parte 1

Nunca me senti muito agradável em falar de mim em primeira pessoa. Isso me causa uma impressão muito forte de egoísmo. Até porque (como meu amigo filósofo Rafael me falou certa vez) se você reparar bem, em todas as conversas abundam os "Meu" , "Minha", "Eu", "A gente".
Além do narcisismo não me agrada falar de fatos e sim de ideias.
Passo a me contradizer a partir de agora, começando a contar a trágica epopeia de Rafael ( eu, não o meu amigo filósofo citado anteriormente):

"Rafael acordou de noite. A corrida no parque da Jaqueira, a qual não estava mais habituado , fatigou - o profundamente. Desde que entrara para a universidade Rafael parou com todos os esportes, especializando-se apenas na leitura e no hábito de fumar. Que (modéstia à parte) os executava com maestria.

Tirou o tênis, tomou um banho, colocou algumas músicas para tocar e foi dormir.
Acordou ás 7 ou 8 horas com um telefonema de sua tia pedindo-lhe para comprar cigarros na esquina de casa. Resmungou alguma coisa, voltou a dormir e esqueceu.
Rafael acordou apenas duas horas depois, com várias pessoas em sua casa conversando alto, como era hábito do seu irmão e de seus amigos .
Evitou o mal humor pois seu irmão tinha a perna engessada e também só tinha a intenção de tirar um cochilo. Mal sabia ele que seu pequeno cochilo seria tudo que dormiria aquela noite.
Depois de conversar, cigarros, uno, dominó, mais conversas e cigarros, todos se foram. Estava só.
A solidão sempre o deixou muito angustiado , devido ao seu caráter inventivo e sua imaginação hiperativa que mais o atrapalhava do que o ajudava.

Achou por bem ler um livro de história que seu pai comprou para ele, mas logo o largou por "Dom Quixote". Admirava profundamente o "cavaleiro da triste" figura e seu escudeiro realista e utilitário. Antes de ler decidira-se, nem tanto a Quixote nem tanto à Sancho, queria ser um sonhador com os pés no chão, queria que seus "sonhos" encantassem, acalentassem e fizessem as pessoas pensar. Mas ele estava muito inquieto e seu pensamento estava longe, tão longe, tão angustiado e tão pulsante que só Álvaro de Campos podia expressar-lhe o que sentia. Passou a madrugada e a maior parte da manhã lendo poemas sobre a vida, a morte, e todo o resto que situa-se entre as duas.

Adorava Pessoa, seu jeito de escrever e mais especificamente a forma como descrevia o fumar, o fogo, a fumaça e seu malabarismo ao se dissipar, Rafael criava momentos de uma beleza única e efêmera. Suas tragadas em meio às letras davam um ar erudito que muito lhe agradava. Sentia-se um gênio, escrevendo seus poemas medíocres ao amanhecer, inspirando-se nos grandes mestres.

Apesar de ótimo leitor, era um péssimo escritor. Seus poemas só lhe agradavam ao escrever, pois não sabia fazê-lo, ao lê-los , rasgava- os imediatamente. Se era crítico com o que lia, o era ainda mais com o que escrevia.

Alguns poemas depois acordam sua mãe e seu irmão (o que não estava com o é engessado).
Como de costume queixaram-se da falta de dinheiro e outras coisas triviais. Ele os estimava como a gênios. Gênios que falavam coisas triviais no café da mana e que, muitas vezes, utilizavam-se de sua genialidade fazendo valer seus "direitos" na hierarquia familiar. Mas eram gênios, e Rafael só não lhes tinha mais afeto por amor próprio.

Rafael fez o café, lavou a louça, foi ao caixa eletrônico, satisfez os algozes de suas economias e foi intreter-se no computador. Lá, Saramago, Camus e Dostoievski mantiveram sua baixa auto-estima de escritor que não conseguia escrever.
Após uma ou duas horas (a internet é um portal do tempo como o shopping, no qual os relógios mal podem mensurar o que quer que mensurem) o telefone toca. Sua tia começa a contar-lhe que havia um rato preso em seu quarto:
-"Tu tens coragem de matá-lo?" Perguntou ela com sua conjugação verbal perfeita, típica de uma educação castradora que não permite que os filhos falem a língua da mesma forma que o povo por consideraram "errado", "uma linguagem menor.". Rafael hesitou. Queria ser prestativo para com seus parentes, mas não podia deixar de lado seus princípios éticos e morais. Fora vegetariano por quase cinco anos e seu respeito pelos animais impressionava pela vêemencia com que argumentava sua defesa.
-"Mas isso é passado - pensava consigo - sou um homem sem utopias, nem ideais, se minha tia precisa que eu o faça, eu o farei". Após hesitar brevemente concordo prontamente em matar o indefeso animalzinho: "Tá bom, vou me arrumar e vou p'rai".

sábado, 11 de julho de 2009

Só os Amigos de verdade..

Nada que a simples presença de um rosto amigo, um sorriso, acalentem.
Os verdadeiros amigos são raros hoje em dia, e talvez o tenham sido sempre. No decorrer das nossas vidas encontramos pesssoas que se identificam muito com nossos costumes e gostos, mas os costumes mudam com as pessoas, só o essencial permanece; só um grande amigo, um amigo de verdade pode perceber sua essência independentemente das mudanças e lhe amar por isso.
Só um amigo de verdade lhe percebe por dentro, a par de sua imagem ou do papel que você representa.
Só os amigos de verdade, como o que acabou de me visitar, que podem em menos de uma hora e sem lapis de cor, colorir as mais de 24 horas do meu dias.

Amigos assim, são como anjos da guarda, só que mortais. E enquanto existem, prezam e zelam por nós em todos os momentos de sua vida.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Carlos Drummond de Andrade

Poesia


Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Preto + Amarelo + Vermelho =

-"Mermão, tu vai sifudê, tu come muita manteiga!"
-"É porque eu nunca como po, aí quando como compenso. Faz muito tempo que não como manteiga.."
-"Tipo o que? Uns 5 anos?!"

domingo, 31 de maio de 2009

"Dostoiewski"

'Permiti, senhores, não penso de modo algum em me justificar, apelando para essa "omnitude". No que me concerne pessoalmente, nunca fiz outra coisa em minha vida senão levar até o fim o que vós outros não ousais levar senão até a metade, e chamando prudência vossa covardia, e consolando-vos assim com mentiras. De modo que estou possivelmente ainda mais vivo que vós.'

domingo, 17 de maio de 2009

Rede Social Digital

Com certeza a revolução tecnológica e a digitalização de tudo que a gente conhece afeta profundamente as nossas vidas. As redes sociais digitais muitas vezes se tornam mais importantes do que a rede "analógica". Somos uma geração de nerds.

Mas o que mais me impressiona nisso tudo é a eterna vontade pelo novo e como a informação cresce exponencialmente ao mesmo tempo que não muda em sua forma. Mas por que tava falando disso? Ah, o Amoremcristo.com. Acho difícil selecionar um parceiro pela suposta fé que ele tem. Como se sendo "cristão" os cônjuges não tivessem mais problemas com a religião e a felicidade da relação estvesse garantida. A descrição : "Não tenho filhos. Quero ter. Não Fumo e não bebo". Nem parece ter sido optada, já que é comum a todos os membros.
Além dos encontros nas redes digitais a igreja também estimula que os fiéis a se relacionarem entre si.
Só resta esperar o lançamento do Amorentreateus.com.


*Só pra lembrar Hitler também era cristão.
*Como diria meu amigo: Fiquem sem Deus.

sábado, 16 de maio de 2009

GGM - Cem anos de Solidão


"Algum tempo haveria de passar antes que Aureliano se desse conta de que tanta arbitrariedade tinha origem no exemplo do sábio catalão, para quem a sabedoria não valia a pena se não fosse possível se servir dela pra inventar uma nova maneira de preparar o feijão."

"Todo jornal que eu leio Me diz que a gente já era Que já não é mais primavera OH baby, Oh baby, a gente ainda nem começou.


"Baby o que houve na trança vai mudar nossa dança Sempre a mesma batalha por um cigarro de palha, um navio de cruzar deserto"

Ele falava mal dos homossexuais, mas nunca amou nenhuma mulher que fosse.
Sua fala distorcida pelo preconceito receava uma aproximação, qualquer que fosse, à pessoas que tivessem essa orientação.
Dispensava o politicamente correto e chamava-lhes viados, frangos e sapatões.

Nunca lhe passou pela cabeça que seu filho, irmão e pais eram também homossexuais. Machistas. Mas homossexuais, assim como ele em meio à sua homofobia deplorável.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Luto

Por mais que eu tente
Por mais que eu lute
Por mais que me desespere
Parece não haver solução ao problema em que me encontro

As horas me parecem séculos de profundo ardor da alma
Os dias arrastam-se como milênios e o mês é tão distante quão distante é meu ser da felicidade

segunda-feira, 4 de maio de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Free Box II

Acho que se George Orwell tivesse vivo ia realmente se surpreender com muita coisa.
Quer um duplipensar maior do que um cigarro chamado Free Box?
Ou um controle de privacidade maior do que o que a gente vive hoje?
Existem milhares de sites pornôs feitos só de "vacilos", a internet serve pra isso, pra expor sua vida pra todo mundo. Como um blog, um perfil de orkut ou para os mais discretos basta usar o "mestre Google". No mínimo você saberá da vida profissional completa de uma pessoa vendo o seu currículo Lattes.

A privacidade é uma ilusão.

Quando não, podemos simplesmente ser controlados como antigamente. O controle é a única coisa que não sai de moda. A educação, o sistema de saúde, o sistema carcerário, além de toda as instituições que a sociedade contemporânea criou, ainda temos a boa e velha coerção pessoal.
Se você não for bem socializado pelas instituições de controle as próprias pessoas cuidarão de lhe controlar. Pequenas coerções passam a tomar dimensões gigantescas nas nossas vidas quanto mais nos afastamos do modelo de cultura idealizado pelos membros de uma dada sociedade. Do nível micro ao macro nos tornamos apenas marionetes na grande mão do grande irmão.

Free Box

- "Acho que toda miséria e degradação humana nascem do desejo, da vontade. Da vontade de ter vontades. De uma certa forma uma espécie de aura shopenhauriana lhe invade depois que você faz uma coisa como a que eu fiz."

- "Tá, beleza. Mas o que foi que tu fez?"

- "Eu dizimei uma construção de vários anos em uma frase. UMA FRASE acabou com a minha vida"

- "E o que foi que você disse?"

- "Eu disse que tinha vontade de ser livre."

- "E só por isso ela te deixou?"

- "Só? Você tem noção do que é ser livre numa sociedade como a nossa? O que é ir de encontro a todo o hedonismo, o consumismo, os modismos, as relações monogâmicas, a família, o Estado, a Nação, a burguesia, o proletariado... ?"

-"Realmente, ela tava certa. Mas você vai terminar sua vida morto de qualquer jeito! Qual a importância de ser livre?"

-"Liberadade é um sonho que a alma humana alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."

-"Muito bonito se não fosse de Cecília Meirelles e eu já não tivesse ouvido antes."

- "Sei lá, acho que a vida é muito curta para decisões de ultima hora."

-"Essa foi lá do D.A. de filosofia né?!"

- "Ta vendo? Meu irmão contra mim! Tá tudo errado, todo o sistema ta podre! O capitalismo reduziu as relações familiares à meras relações econômicas!"

-"MARX? Em pleno século XXI... aí é demais né?!"

-"Quer saber, eu acho que todo mundo é assim! Todos temos dentro de nós mesmos uma angústia do tamanho de Deus!"

- "Poupa pelo menos Dostoiévski dessa crisezinha que tu ta tendo, pode ser?"

- "Vai tomar no cú! Vá se foder no inferno!"

-"DFC? Tinha uma banda melhorzinha não?"

-" AHhhhhhhhhhhhh, ninguém me ama, estou fadado a viver uma vida de eternos lamentos e a perambular eternamente pela relva atrás do constante vulto de sua presença."

-"Camões? Dante?"

- "Não, eu!"

- "Boa, mas já vi melhores... Acho que foi a melhor opção realmente ela ter te deixado"

- "Como assim?"

- "Tu não gostava suficientemente dela, pronto!"

- "Por que não? Claro que eu gostava, eua amo!"

- "Não, quando você tá triste consegue pensar em coisas bem melhores do que isso..."

- "Bote fé... Será que eu ainda quero ser livre?"

- "Quer nada... É um preço muito alto, ninguém ta disposto a pagar."

- "Diógenes tava."

- "Se ele tivesse realmente disposto a pagar não precisaria de uma lanterna."

- "Me dá um cigarro..."

-"Toma."

Plus troi blasé! Merci.


Ultimamente tenho me notado um pouco seco.
Não que eu tenha emagrecido, é que tenho sido uma pessoa de difícil convivência, e... vazio.
Não que eu seja seco naturalmente, ou seja uma sequidão no sentido de ser rude demais, ou direto demais. Nada disso, só sou seco.
Leio, vejo, ouço, mas não falo nada. Na hora de falar não sai uma palavra, um comentário abalizado, uma citação de nada, de ninguém... muito menos minha.
Não consigo falar, só ficar parado e olhando.
Geralmente a primeira reação é, sempre é, a de achar que eu estou mal com alguma coisa, ou estou sendo antipático por um charme intelectual, um jeito blasé de ser.
Mas não. Mais não, infinitas vezes mais não.
Não é isso, é que eu paro. Só paro e penso.
Talvez as pessoas não estejam acostumadas a ver alguém pensando... estão muito ocupadas para isso.

Joseph Goebbels


Talvez seja a insônia, ou talvez seja só nostalgia.
Mas o fato é que o passado se apresenta muito tentador à mim nesse momento. Parece que quando você cresce esquece de tudo o que pensava, o que sonhava e o que sofria.

O fato é que você muda a toda hora, a todo segundo e nem sempre você quer guardar certas lembranças.

E é sempre mais fácil tirar uma foto sorrindo... pelo menos assim você mente pra si mesmo que foi feliz.

terça-feira, 17 de março de 2009

Classe mérdia

Robert Dahl:
"Independentemente de sentirem ou não que sua posição está piorando, as pessaos da classe média manifestam maior propensão a sentir a prosperidade alheia como uma injustiça."


http://www.youtube.com/watch?v=d8O0Zk5N-e8

terça-feira, 10 de março de 2009

Foucault

"Num regime discplinar, a individualização é descendente. Através da vigilância, da observação constante, todas aquelas pessoas sujeitas ao controle são indicidualizadas... O poder não apenas traz a individualidade para o campo da observação, mas também fixa aquela individualidade objetiva no campo da escrita. Um imenso e meticuloso aparato documentário torna-se um componente essencial do crescimento do poder [nas sociedades modernas]. Essa acumulação de documentação individual num ordenamento sistemático torna "possível a medição de fenômenos globais, a descrição de grupos, a caracterização de fatos coletivos, o cálculo de distâncias entre os indivíduos, sua distribuição numa dada população".

... "quanto mais coletiva e organizada a natureza das instituições, maior o isolamento, a vigilância e a individualização do sujeito individual".

Areia da ampulheta

Tentou puxá-la para si, mas era tarde demais. Escorria pelos seus dedos como areia. Não podia mais voltar no tempo. E essa sensação de impotência lhe deixava extremamente angustiado. Era homem, branco, ocidental, alpha, como podia conceber que alguém que provou do seu sexo não mais queria estar no seus braços por causa de um pieguismo qualquer chamado amor?
Não entendia e quanto menos entendia mais sofria.
Era como todos, apenas mais verdadeiro e mais fiel aos seus ideais do que a maioria.
Um negro na Alemanha nazista seria mais feliz do que ele. Mas também era tarde demais pra melhorar de vida assim.

Hermes me odeia

Ao estudar mais profundamente a hemenêutica, chegueia conclusão de que Hermes me odeia, não só ele como todos os outros deuses gregos. Só existe o apolíneo e o dionisíaco na minha vida. Mais Dionísio do que Apolo.
Entretante Hermes é o que me causa mais encanto e o que parece me ter maior aversão. Sempre que penso em alguma coisa que realmente vale a pena ser escrita ... me esqueço. Sempre que falo alguma frase de impacto que serviria de um bonito chavão intelectual... me esqueço. Não só da frase, mas de raciocínios inteiros. Sempre que sento em frente a algum meio de expressão mudo completamente. A interpretação perde-se quase que 100% da subjetividade para objetividade. Definitivamente Hermes não vai com a minha cara... Talvez seja o chulé, ou talvez a afinidade com Dionísio. Esse Hermes, diga-se de passagem, nunca foi chegado no negócio.

Se não me engano...

Se tem uma coisa que me deixa profundamente incomodado é a expressão "se não me engano".
Esse tipo de declaração lhe dá liberdade de fazer qualquer tipo de declaração. Caso esteja 100% errado basta dizer: "Me enganei". É a melhor forma de falar sem dizer nada com coisa alguma.
Pra que falar então?
É só dizer: "Não tenho certeza de nada então não vou opinar pra fingir que sei do que tou falando".
Se fizer isso algum dia de sua vida pode ter certeza que alguém lhe apoia.

"Computadores fazem arte"

Talvez seje mesmo impossível fugir da liguagem da informática e do pc hj em dia.
tentei reformar minha velha máquina de escrever, sem exito..
Final das contas, cá estou eu escrevendo em um bloco de notas pra publicar num bloguizinho mediocre e vivendo como mais um ator "de convenções e poses determinadas" no circo policromo do dinamismo sem fim...
Cá estou eu, tã retrogrado como todos que fazem sempre as mesmas coisas com um sentimento de incompletude artística e mediocridade de expressões.
A técnica muda, mas o usuário continua o mesmo há mais de uma centena de anos, ou mais...

domingo, 8 de março de 2009

Michel de Montaigne

“Há em nós mais vaidade do que infelicidade, mais tolice que malícia, mais vazio do que maldade, mais vileza do que miséria.”

Enganus

A lógica é a mesma de Murphy ou de Dostoiévsky, o homem (e a mulher também) encontra-se no engano e acredita estar certo dedicando-se ao engano como se fosse verdade. Até que chega a conclusão de que está enganado(a) e encontra outra forma de se enganar. Pra Dostoiévsky era Deus, pra Murphy era o pessimismo, que constituia uma força quase que metafísica.

Primeiro você acha que o mundo é perfeito, depois começa a descobrir que não é, mas pode ser. Mas você estava enganado. A imperfeição do mundo reside na imperfeição do homem. E começa a ver que você não é mais puro do que ninguém. Até que percebe que no teatro da vida todos fingem ser o que não são, inclusive você. Mas já não importa acreditar ou não nessa mentira ou em todas as outras que você contou durante toda a sua vida e tem que se prender em alguma coisa maior que você e que concretize todas as suas esperanças... Mais um engano....

terça-feira, 3 de março de 2009

Dantescangústia I

"Fernando chegou em casa, deitou-se um minuto e logo depois foi tomar banho. Queria limpar-se por fora na ilusão de também estar se limpando por dentro. Nunca imaginou que aquela doce criança de outrora viria a cometer uma atitude tão vil quanto aquela. Como aquele ser tão inocente e bondoso tinha transformado-se nisso? Ao menos, agora ele sabia o que era, tornando-se o que era, sendo. Limitando-se à infinitude dos seus atos ilimitados.
O que fez era indizível, mas a experiência que adquiriu foi impagável."

segunda-feira, 2 de março de 2009

O anticristo cristão

Todo código de conduta moral é relativo à sociedade em que se encontra. Além da absurda tentativa de implementação de um código de conduta que remete há mais de dois milênios e o fato de que grande parte das ideologias religiosas são intolerantes para qualquer outra perspectiva da realidade, há também a pior de todas as características de uma doutrina religiosa (Pelo menos das maiores) é que a implementação de um código moral totalmente inadequado dá ao "doutrinado" uma ideologia tão forte quanto intolerante. Tratar qualquer coisa como A verdade e não UMA verdade já demonstra falta de tolerância e diálogo com outros tipos de perspectiva.
A adoção individual de um código moral pode ser extremamente benéfica, inclusive de fundo religioso, como por exemplo no caso do Tibet que o budismo
quebrou com a tradição sanguinolenta do povo tibetaono. No entanto, ao estender esse código para todas as pessoas do planeta e ao tratar como pagão todos que não compartilham da mesma ideologia transforma o bom em ditadura (no sentido ruim da palavra). O mundo está cheio de pessoas que fazem justamente isso, querem expandir seu modo de vida para todo mundo.
Talvez o sucesso dessas religiões resida justamente aí, na mediocridade humana.

*E caso discorde não esqueça que Hitler era católico.

Beijos, e fique sem Deus...