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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Haikai do consumismo ideológico

Como tem gente ignorante,
Como tem gente otária...
Não vê que toda ideologia totalizante
É uma ideologia totaritária

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sofrimento X Felicidade

A felicidade é a pedra basilar da sociedade individualista e o refrão que o marketing entoa diariamente que perpassa nossos olhos, ouvidos e subconscientes. Mas o que é a felicidade? Será que podemos atingir apenas uma definição para essa pergunta?

Tentam nos vender a ideia de que felicidade é ter um corpo escultural, uma vida livre de drogas, um padrão de consumo elevado, um emprego bem remunerado, amigos "descolados", uma linda mulher loira, alta e de olhos claros ao nosso lado, lindos filhos, um automóvel grande e potente (como se isso compusesse nossa personalidade) e um apartamento e uma televisão tão grandes quanto o vazio de nossa existência. Sim é possível atingir esse patamar e, apesar de todo o esforço e cerceamento que esse "padrão" demanda, ser extremamente infeliz. O sofrimento advindo das frustrações mesmo quando atingimos esse patamar de perfectibilidade imputados aos indivíduos individualistas também é constante.

Se não quero engordar, não posso beber muita cerveja, ou comer coisas calóricas. Se tenho um emprego que paga bem, em contrapartida há o tempo que ele demanda e, por vezes, a sua nulidade social. Se quero comprar um computador, ou um carro de última geração, tenho que arcar com os débitos desses verdadeiros falos do consumo.
Em suma, estamos sempre divididos entre dúvidas e dívidas do dia-a-dia.

A felicidade nada mais é do que a ilusão de uma unidade composta por um sofrimento intercalado entre esses momentos. Contudo, o sofrimento também não compõe uma unidade e é sempre intercalado, nem que seja por breves momentos de menos sofrimento.

A ilusão, nada mais é do que a representação coletiva, ou individual de uma realidade fenomênica incomensurável e inapreensível em sua totalidade. Dada a impotência do indivíduo ante a infinitude desta realidade, basta-lhe recorrer aos seus parcos sentidos para apreender o que pode vir a ser o mundo, pautando-se também e logicamente nas representações compostas pelo meio social desse indivíduo. Logo, esta representação, apesar de individual, é também sujeita à representação coletiva.

Na nossa sociedade do espetáculo, as representações do conceito de "felicidade" e do conceito de "sofrimento" passa por um processo de intensa repetição das representações tidas como certas, ou ideais à essa mesma sociedade. O fato de não ser o "consumidor ideal" por si só já exclui o indivíduo, o torna infeliz, o faz sofrer e é sob esse sofrimento que se erige o ciclo do consumismo característico de nossos tortuosos dias. Insatisfação, consumo, lançamento de novos produtos, insatisfação, consumo do novo produto. Ciclo de obsolescência cada vez mais curta.

Apesar de cada vez mais limitado, ainda possuímos o livre arbítrio, ainda podemos fazer escolhas. Escolhas, contudo, demandam conhecimento. O auto-conhecimento é o princípio fundamental que nos impele a fazer as melhores escolhas para nossa vida, seja esse conhecimento pautado na racionalidade, seja pautado na irracionalidade, dado que a própria razão não é suficientemente abrangente para abarcar sequer a realidade como se nos apresenta (fenomênica). Dado esse dado, caímos numa pretensa aporia, para transcendermos o individualismo temos que nos voltar para nós mesmos. Pretensa porque o consumismo se pauta num individualismo behaviorista, sub racional e quando passamos a nos conhecer profundamente nos tornamos racionais e supra racionais.

Correndo o risco de parecer uma oratória de auto-ajuda, concluo escrevendo que o sofrimento é inevitável e a felicidade também; só depende de nós demandar mais atenção a um do que ao outro. Só depende de nós não nos submetermos a essa felicidade hitlerista (não à toa empoderado pela publicidade) que nos impele a agir sem reflexão e sem sensibilidade; só depende de nós garimparmos a satisfação pessoal, profissional, sexual, sentimental, mesmo que à parte do que a lei e a pretensa "opinião pública" nos ditam (pretensa e nunca real, porque não se pauta no público, mas apenas nos grandes conglomerados de mídia). O sofrimento não deve ser evitado, mas enfrentado, é ele que nos impele a valorizar os momentos de felicidade real na nossa breve passagem por esse mundinho azul, cada vez mais escuro.