Facebook

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Os outros

Os outros acham que sabem o que é melhor para a sua vida, mesmo não tendo a menor noção de o que fazer com suas vidas.
Os outros acham que sabem que caminhos você deve trilhar para ser uma pessoa respeitável, alguém importante, uma "pessoa de bem". Mesmo que façam o inverso do que pregam, ou que façam o que pregam apenas por recalque, ou para gozarem de uma pujança moral.
Os outros acreditam piamente que a você sucumbirá aos malgrados da idade, será acomodado, relapso e postergador.

Ignore os outros. Dê cada passo fincando forte seu pé no chão, tendo consciência de que aquele caminho foi escolhido dentre uma infinidade de possibilidades, faça valer seu breve tempo aqui na terra, que os outros sejam apenas o que são, outros, não vocês. Você é o único ser que importa na sua vida. Não seja coadjuvante de si próprio, não entoe o coro dos conformados, vocifere contra os outros, suas regras imbecis e seus dedos indicadores apontados para o diferente.

Desejo-lhe um 2013 no qual você consiga ficar consigo!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Inseguranças nossas de cada dia

É normal ter inseguranças. De fato as certezas que temos na vida são poucas. A primeira certeza é a de que estamos vivos, a segunda de que morreremos. A forma como lidamos com a efemeridade de nossas vidas diz muito a respeito de nossa personalidade, humor e inteligência.

A questão é que, como numa fórmula matemática, as incertezas são diretamente proporcionais à insegurança. A partir do momento em que pautamos nossas vidas nas incertezas e não no que cogitamos e sentimos , estamos fadados ao produto final dessa fórmula matemática que é a procrastinação e as mudanças drásticas de atitude que dissolvem tudo o que havíamos construído no sentido oposto.

Certa feita lendo sobre Alice no país das maravilhas na aula de redação de um grande mestre, professor Tomás, me deparei com um diálogo entre o gato e Alice. Alice pergunta ao gato que caminho ela deve seguir, o gato lhe responde "depende para onde você quer ir", Alice diz que não sabe direito para onde quer ir e, por fim, o gato lhe diz antes de sumir que "Quem não sabe aonde quer chegar qualquer caminho serve". Na vida há muitas Alices caminhando sem saber onde querem chegar com frustrações, inseguranças e incertezas... só não podem reclamar do caminho que acabam seguindo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Técnica X Emoção

Quando eu era pequeno, mentira nunca fui pequeno, sempre fui grande pra minha idade.
Quando era mais novo, melhor assim, tinha por volta de 13,15 anos, sempre que me apaixonava perdidamente por alguma menina, eu perdia completamente a noção da realidade. Sempre imaginava que o "approach" se daria de um modo extramente complexo e incomum. A moçoila em questão estaria andando sozinha, alheia ao mundo, quando de repente chegava um cara e a agarrava a força, ou então batia nela, ou a roubava, ou tentava estuprá-la, ou todas as alternativas anteriores. Eu aparecia do nada, segurava a mão dele e dizia com uma voz máscula e intimidadora "SOLTE ELA! Vou contar de um até três, se você não soltá-la, vou ter que fazer uso da violência. Eu sou um pacifista, não quero agredir ninguém, mas você não está me dando escolha." E o pau comia solto. Dava chutes maestrais de fazer inveja em qualquer Bruce Lee, murros em pontos vitais, cotoveladas, joelhadas, batia em vários malfeitores ao mesmo tempo, salvava a mocinha e ela, automaticamente, veria toda a beleza do meu ideossincrático ser e se apaixonava instantaneamente por mim. Naquele momento sabíamos, nossas vidas estavam para sempre entrelaçadas, teríamos filhos, netos, eramos almas gêmeas, duos e unos simultaneamente, eramos a laranja completa, the happy end.

Contudo, sempre que a via no outro dia na escola, ou na rua... nada. Olhava-a de longe, se ela olhasse, fingia que não a via, começava a tremer, não pensava em nada, ficava nervoso, angustiado, suava feito um porco, pelos piores lugares para se suar... E se por acaso fosse impelido a lhe falar era uma tragédia ainda maior, parecia que estava com algum objeto na boca, tipo aqueles aparelhos antigos que ocupavam toda a cabeça do indivíduo e ele passava o dia chupando baba, e qualquer coisa que eu dissesse parecia a coisa mais imbecil do mundo. Podia ser a mais linda frase, a mais bela poesia, qualquer coisa parecia idiota e parecia que a menina ia fazer uma cara de entojo, como quem chupa um limão sem tequila, e nunca mais iria olhar na minha cara. Resultado, nunca falava nada, nunca estabelecia uma conversa, nunca mostrava quem eu era à ninguém. Essas meninas sempre ficavam com caras imbecis e depois diziam que "Todo homem..." alguma coisa que denegrisse e generalizasse o sexo masculino. De outro modo, encontrava algum motivo para fazer com que minha musa deixasse de ser minha musa, "desmusasse", "ela não gosta de tal coisa em mim", "ela olhou de tal forma", "ela é amiga daquele babaca, provavelmente é apaixonada por ele", ou o mais comum de todos, "ela nunca ficaria com um cara feito eu" e com o passar do tempo quer por maior distanciamento, quer por maior proximidade, aquela musa era substituída por outra que se encontrasse exatamente àquela distância de mim. A beleza que emanava da distância, o não ter que criava o desejo, enfim, o platonismo mal compreendido que transcendia o corpo sem sequer tocá-lo, que criava afinidades inexistes, assim como, disparidades.

O tempo passou, passei a perceber o valor do cotidiano, da troca de olhares, dos "bons dias" de todo dia, da conversa corriqueira, desinteressada, da cerveja, do vinho, da conversa interesseira, da verdade adaptada, bem calculada, do olhar limítrofe entre o tesão e o interesse, da frase dita na hora certa e principalmente, do silêncio no momento adequado. O tempo passou, as meninas se tornaram mulheres, o menino de 15 completou 25 e até hoje continua cometendo os mesmos erros infantis, os mesmos olhares acanhados e as mesmas incertezas.

A técnica só funciona sem a emoção.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O Jovem Idealista e o Pirata Fantasma

- Mas senhor, que sentido há em se matar durante toda a eternidade?A vida já não é por demais efêmera para ser desperdiçada dessa forma?
- Não sei, me diga você que é humano! EU sou um fantasma, há muito esse corpo sem vida não mata nem é morto. Já os de sua espécie vivem constantemente se matando e só pelo fato de morrerem você acha que há algum sentido.
- Como podes falar de toda a humanidade e de sua história, se nos acusa de fazer o mesmo que fazes?
- Já lhe disse, por acaso não quer entender? Sou um pirata fantasma, minhas atitudes não destroem vidas a não ser atordoar por alguns instantes um espírito imortal por brincadeira, mas com vidas não se brinca
- Por acaso foste um médico em vida? Diria que no mínimo um humanista...
- A tolice da juventude é crer em sua sabedoria! Nada sabes de minha vida meu jovem, não é porque sou um fantasma pirata que sempre fui pirata, ou fantasma. Os jovens sabem tão pouco do que é a vida que seria risível se não fosse tão trágico. Não está na hora ainda de você saber qual foi minha missão na terra ou até aqui nesta ilha meu jovem. És um ignorante no que se considera mestre...
- E o que seria isso? por que não para de falar de forma vaga, sem dizer nada direto?
- As palavras se limitam pela razão, não conseguem transcendê-la em nada. Mesmo que me utilizasse dos conceitos mais primitivos vós não poderias compreender. Vós vos fechastes e por isso não pode perceber o que não pode ser dito, tampouco pensá-lo. Julga-te acima do pó por poder pensar, como se teus conceitos valessem de algo na situação em que te encontras.